quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Plantando a discórdia


No último domingo, fez uma semana que o Corinthians conquistou pela segunda vez o Mundial de Clubes da FIFA. Vitória indiscutível, marcada pelo amadurecimento da equipe dentro de campo, por ter encarado o “temido” Chelsea de igual para igual, (diferente do Santos quando jogou contra o Barcelona no ano passado), pelas incríveis defesas do goleiro Cássio, e pelo grande estilo de conduzir o time taticamente e psicologicamente do bravo técnico Tite.

No decorrer da semana, como era de se esperar, os torcedores fizeram a sua festa, e era possível ouvir um “Vai Corinthians” em diversos pontos do país e do mundo. Mas isso não agradou a todos, pois o Corinthians é considerado o maior rival dos times brasileiros, em principal, dos times paulistas.
Todo torcedor fanático tem amigos, parentes e até conjugues, que torçam para algum time rival, extremamente normal. Mas o que estimula tamanho sentimento de discórdia entre os torcedores? Isso pode começar entre os próprios jogadores.

Podemos citar aqui vários exemplos bem recentes. Um deles foi no jogo da última rodada do Campeonato Brasileiro, o clássico São Paulo x Corinthians no Pacaembu, partida que terminou em 3x1 para o São Paulo. O goleiro Cássio desceu as escadas para o vestiário, e fez um gesto obsceno “_|_” para a torcida tricolor que estava no Tobogã, da qual ficou bastante irritada com a atitude do goleiro corintiano. E a imagem desse momento girou na internet. Moral da história: quem torce para o São Paulo, mas tinha pelo menos o mínimo de apreço pelo Cássio por ele ser um bom goleiro, passou a detestá-lo.

Goleiro do Cássio faz gesto para torcida do São Paulo, após derrota no Pacaembu.

Outro disseminador da discórdia foi lateral-esquerdo do Santos, Léo, que declarou durante uma entrevista a Rádio Estadão ESPN, que “quem está acostumado com rodoviária não pode ir a aeroporto”, se referindo à torcida do Corinthians, em virtude da confusão causada por eles no embarque do time no Aeroporto de Guarulhos. O polêmico Emerson Sheik não deixou barato, e deixou um recado “amistoso” em seu Twitter, que muito provável, seria para rebater as provocações de Léo.

O atacante corintiano, Emerson Sheik, rebate ofensas de Léo em seu Twitter.

Resumindo: o Corinthians voltou campeão, e o santista ficou com cara de taxo, chegando até a se desculpar publicamente para a torcida fiel. Já era tarde! Sheik, em cima do trio elétrico mandou um “Chupa, Léo” em alto e bom som durante a comemoração do título nas ruas de São Paulo.


O bom exemplo

Jogador tem muita influência sobre os torcedores, portanto eles como profissionais devem dar o exemplo dentro e fora de campo. Atitudes como essas, de provocações e desrespeito com o adversário, faz crescer o ódio entre as torcidas rivais, aumentando a violência nos estádios e, afastando as pessoas de ver uma boa partida de perto.

Não podemos negar que rivalidade é bom sim, que é divertido brincar com seu colega citando os pontos fracos que o time dele tem, que afinal TODOS têm, é um gosto a mais para o futebol. Mas não tem jeito, torcedor se deixa levar por sua paixão pelo time, e não pela razão, e infelizmente os atletas acabam sendo espelho para isso. E vamos pensar bem, de que adianta o cara que é profissional, alfinetar um clube hoje, que amanhã por uma boa quantia em dinheiro, poderá defende-lo dentro de campo? Complicado!

Vale lembrar que são colegas de trabalho, no domingo de clássico estão se pegando dentro do campo, mas na segunda-feira a noite estão juntos na balada. É o certo, é o esporte. E como disse Jorge Henrique em recente declaração “A rivalidade é dentro de campo e durante a temporada. Fora somos todos amigos”. Disse o atacante corintiano, que foi convidado por Denílson, volante do São Paulo, a um jogo festivo na Paraíba com o uniforme tricolor. Mas... ele tapou o escudo do clube com fita isolante no calção e na camisa, segundo ele “em respeito” a fiel, que mesmo assim o criticou nas redes sociais.
Depois eles enchem a boca em campanhas, pedindo paz no futebol. Lamentável!

Enfim, espero da temporada 2013 muitas emoções em campo, mais futebol bonito de se ver e menos confusões, tanto entre os jogadores, quanto entre os torcedores.


Jorge Henrique tapa escudo do São Paulo durante jogo festivo na Paraíba.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A sonhada despedida perfeita


O torcedor são paulino pôde comemorar na última quarta-feira, 12/12, a conquista da Copa Sul-Americana, quebrando o jejum de quatro anos sem títulos, após a conturbada partida de apenas um tempo, contra os argentinos “catimbeiros” da equipe do Tigre. E claro que essa comemoração teve um gosto pra lá de especial: a despedida do garoto Lucas.

Em entrevistas a imprensa nos dias que antecediam a final, o dono da camisa 7 se emocionou inúmeras vezes e não segurou o choro, demonstrando já sentir saudades do clube, de seus colegas e da torcida são paulina. E já dizia a sua meta: conquistar o título pelo São Paulo, para ter o sentimento de dever cumprido.

O garoto chegou aos 13 anos no CT de Cotia, havia saído recentemente do grande rival tricolor, o Corinthians, mas mostrou boa adaptação e identificação com o clube. O meia estreou em Agosto de 2010, pelo Campeonato Brasileiro, contra o Atlético-PR nos últimos minutos de jogo, usando a camisa 37, com nome “Marcelinho”, apelido este de criança por sua semelhança física com o ex jogador corintiano, Marcelinho Carioca.
Tão logo, Lucas já estava como titular na equipe, número novo na camisa, e se destacando com suas arrancadas e estilo de jogo decisivo.

Em agosto deste ano, Lucas foi negociado para o Paris Saint-Germain por 43 milhões de Euros, cerca de 113 milhões de reais, maior negociação de um jogador no país para um time do exterior. Mesmo fechado, pôde terminar a temporada no São Paulo, sempre muito focado no time e com sede de gols e títulos.

O São Paulo chega a final da Sul-Americana, contra o Trigre-ARG, com jogo de volta no Morumbi, tudo conspirando em prol da final perfeita que Lucas sonhou.
67 mil torcedores compareceram ao estádio naquela noite de quarta-feira. Lucas foi ovacionado pela torcida desde o momento que entrou no campo. Eram faixas, um mosaico de letras com “Obrigado Lucas” e uma grande bandeira com a imagem de seu rosto, que subiu aos céus por meio de balões a gás hélio com os dizeres “Este honra a camisa”, tudo em agradecimento por sua raça e amor pelo time.



Com o São Paulo muito superior ao adversário na partida, o dono da festa marca o primeiro gol e dá assistência ao segundo, marcado por Osvaldo. Para delírio da torcida e explosão de felicidade do garoto, que tentava manter a concentração e superar a ansiedade. Durante o jogo, Lucas foi derrubado inúmeras vezes, pisado e até levou cotovelada no nariz causando sangramento.

Após a confusão nos bastidores do intervalo do primeiro tempo, valeu a pena todo o suor e sangue derramados, finalmente o sonho do garoto se tornou realidade. São Paulo é Campeão da Copa Sul-Americana.

Lucas estava se despedindo do São Paulo em grande alegria. No pódio, foi presenteado com a faixa de capitão por Rogério Ceni e pode levantar a taça de Campeão diante de seus colegas e de toda a América. Ainda no pódio, discursou emocionado para a torcida: “Esse título é para vocês, e um dia eu quero voltar e vestir essa camisa maravilhosa e ganhar mais títulos para vocês”. Declarou ele.

Tirando toda a confusão causada pelos argentinos, dia 12/12/2012 será uma data que ficará marcada na vida de Lucas e do torcedor são paulino. O garoto de apenas 20 anos, começa a traçar sua jornada rumo a Europa, deixa sua marca e torna-se ídolo da torcida do São Paulo, que será eternamente grata e que já aguarda ansiosamente pela volta de seu dedicado camisa 7.

Boa sorte ao Lucas, nossa grande promessa brasileira para o futebol Mundial.



Não viu ou quer rever? Assista agora o emocionante discurso de Lucas na final da Sul-Americana: